Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
"Trouxeste a chave?"
(Carlos Drummond de Andrade)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Adaptação do texto narrativo para o gênero dramático

Os mercadores de livros e a leitura das ruas
Exatamente na esquina do teatro S. Pedro, há dez anos, Arcanjo, italiano, analfabeto, vende jornais e livros. É gordo, desconfiado e pançudo. Ao parar outro dia ali, tive curiosidade de ver os volumes dessa biblioteca popular. Havia algumas patriotadas, a Questão da Bandeira, o Holocausto, a d. Carmen de B. Lopes, a Vida do Mercador e de Antônio de Pádua, o Evangelho de um Triste e os Desafogos Líricos. Estavam em exposição, cheios de pó, com as capas entortadas pelo sol.

– Vende-se tudo isso?

– Oh! não. Há quase um ano que os tenho. Os outros sim – modinhas, orações, livros de sonhos, a História da Princesa Magalona, o Carlos Magno, os testamentos dos bichos.

Levantei as mãos para o céu como pedindo testemunho do alto. As obras vendáveis ao povo deste começo de século eram as mesmas devoradas pelo povo dos meados do século passado!

– Mas não é possível...

– Pode perguntar aos outros vendedores.

Atirei-me a esse inquérito psicológico. Os vendedores de livros são uma chusma incontável que todas as manhãs se espalha pela cidade, entra nas casas comerciais, sobe aos morros, percorre os subúrbios, estaciona nos lugares de movimento. Há alguns anos, esses vendedores não passavam de meia dúzia de africanos, espapaçados preguiçosamente como o João Brandão na Praça do Mercado. Hoje, há de todas as cores, de todos os feitios, desde os velhos maníacos aos rapazolas indolentes e aos propagandistas da fé. A venda não é franca senão em alguns pontos onde se exibem os tabuleiros com as edições falsificadas do Melro de Junqueiro e da Noite na Taverna. Os outros batem a cidade, oferecendo as obras. E há então toda uma gama de maneiras para passar a fazenda. Os mais atilados, os mais argutos, os mais incansáveis são os vendedores de Bíblias protestantes, com os bolsos das velhas sobrecasacas ajoujados de brochuras edificantes.

– Ó rapaz, por que não fica com esta Bíblia? Dou-lha por dez tostões. É o livro de Deus, onde estão as eternas verdades. E se ficar com ela, vai mais este volume de quebra sobre as feras que devoram o homem, as feras morais...


Os mercadores de livros e a leitura das ruas ( Texto adaptado para o gênero dramático)

(A cena acontece na esquina do teatro S. Pedro. Arcanjo é vendedor de jornais e livros, é um italiano analfabeto, gordo, desconfiado e pançudo)

JOSÉ: Bom dia senhor...
ARCANJO: Arcanjo! Mas pode me chamar de seu Anjo, é assim que me chamam por aqui.
JOSÉ: Estou curioso para saber o que há por aqui.
ARCANJO: Pois não.
JOSÉ: Vejo que há muitas obras patriotadas: Questão da Bandeira, o Holocausto. A Dona Carmem Lopes... (Os livros em exposição estão cheios de pó, com as capas entortadas pelo sol. José passa o dedo em algumas e demonstra insatisfação.) Vende-se tudo isso?
ARCANJO: Oh! Não. Há quase um ano que os tenho. Os outros sim _ modinhas, orações, livros de sonhos, a História da Princesa Magalona, o Carlos Magno, os testamentos dos bicho. (Arcanjo vai falando e mostrando cada obra. Ele sabe identificá-las pela apresentação e imagens da capa.)
JOSÉ: (levanta as mãos para o céu como pedindo testemunho de Deus) É impressão minha ou o senhor não sabe ler?
ARCANJO: Não é impressão não senhor. Eu realmente não sei ler.
 JOSÉ: Deixa isso pra lá. Mas as obras que o senhor vende para o povo são as mesmas do século passado! Não é possível uma história dessas.
ARCANJO: Pode perguntar aos outros vendedores.
JOSÉ: Tenho notado que a os vendedores de livros se espalharam pela cidade!
ARCANJO: É verdade! Há alguns anos não passava de meia dúzia de africanos. Hoje há de todas as cores, de todos os feitos,desde os velhos maníacos aos rapazolas indolentes e aos propagandistas de fé.
JOSÉ: A venda de livros só não é franca onde se exibem tabuleiros com edições falsificadas da Noite na taverna.
ARCANJO: Isso também  é verdade senhor. Todos os outros batem a cidade, e fazem qualquer negócio para vender seus livros.
JOSÉ: Os mais incansáveis são os vendedores de bíblias (Assim que ele diz isso, passa um vendedor de bíblia e se dirige ao senhor José)
VENDEDOR DE BÍBLIA: Ó senhor, por que não fica com esta bíblia?Dou-lhe por R$ 40,00.
É o livro de Deus, onde estão as eternas verdades. E se ficar com ela, vai mais este volume de quebra sobre as feras que devoram o homem, as feras morais... (O vendedor fala bem alto e rápido)





 

domingo, 15 de maio de 2011

A ALMA ENCANTADORA DAS RUAS


                     

Trabalho Interdisciplinar _ Leitura em cena

Olá turmas!

Vamos iniciar mais um trabalho interdisciplinar.Então, para que vocês possam produzir um trabalho de qualidade, sigam as etapas do roteiro abaixo e todas as orientações que serão dadas em sala de aula.

Trabalho interdisciplinar do 1º ano (Português, PD, Inglês, Sociologia, Arte e Filosofia)
Leitura em cena

Etapas do trabalho

1. Leitura da obra A alma encantadora das ruas – João do Rio;
2. Releitura de uma das crônicas a seguir:
   a) Pequenas profissões
   b) Visões d’ópio
   c) Os trabalhadores de estiva
   d) Os que começam
   e) Mulheres detentas 
  
3. Adaptação do texto narrativo para o dramático. Para isso, vocês devem:

a) Ler o texto atentamente e pesquisar todas as palavras desconhecidas;
b) Modificar alguns vocábulos se houver necessidade;
c) Compreender a crônica e discutir o tema com o grupo;
d) Planejar o que vão alterar e/ou acrescentar: pensem nos fatos que comporão o texto dramático e como as ações vão se encaminhar para criar um conflito entre as personagens.
e) Discutir como prender a atenção da platéia e como encaminhar as cenas para um desfecho triste, poético ou cômico;
f) Produzir o texto no gênero dramático (diálogo) transformando os discursos indiretos em discursos diretos;
g) Dividir o texto dramático em cenas;
h) Produzir as rubricas e digitá-las em outra fonte e entre parênteses;
i) Colocar o nome das personagens com letras maiúsculas antes de suas falas;
j) Definir cenário, iluminação, figurino e quais alunos serão os personagens da peça;
k) Revisar o texto produzido, observar todos os aspectos gramaticais fazendo as correções necessárias, observar se a linguagem empregada está adequada às personagens e verificar se o texto está coerente com os itens propostos;
l) Digitar todo o trabalho ( fonte: arial 12) e entregá-lo para a professora de português. Apenas as turmas H, I, J, K, L e M deverão entregar duas cópias: uma para a professora de português e a outra para a de PD.

4. Durante a apresentação da peça, o grupo deverá declamar um poema com o mesmo tema abordado na crônica. Por isso, assim que compreenderem a crônica, pesquisem um poema e o apresentem para a professora de português. Pesquisem poemas de poetas consagrados como:Carlos Drummond, Cecília Meireles, Florbela Espanca, Ferreira Gullar, Vinicius de Moraes, Manuel de Barros etc. Lembrem-se de que para a encenação da crônica e declamação do poema, o grupo deverá seguir todas as dicas de leitura dramática apresentadas na página 107 do livro de português.

5. O grupo deverá apresentar, como sonoplastia da peça, uma música em inglês relacionada ao tema da crônica. A professora de inglês dará orientações mais específicas sobre esta etapa do trabalho.

6. Cada grupo terá que fazer uma pesquisa sobre o assunto abordado pela crônica e incluir algumas informações na peça teatral. Esta pesquisa será orientada pela professora de sociologia.

7. Após a conclusão de todas essas etapas, o grupo deverá iniciar os ensaios seguindo todas as instruções dadas sobre leitura dramática e encenação nas páginas 107 e 108 do livro de português.

8. O tempo máximo para a apresentação  de todo o trabalho  é de 15 minutos.

9. A entrega do trabalho escrito, os ensaios e a apresentação acontecerão nas aulas de português nas datas seguintes:

30/05, 31/05 e 01/06 : entrega do texto teatral escrito para as professoras de português e de PD;

06, 07 e 08/06: ensaio para as turmas G, H, I, J, K, L, e M no auditório;

16 e 17/06: ensaio para as turmas A, B, C, D, E e F no auditório;

27,28 e 29/06: apresentação das peças das turmas G, H, I, J, K, L e M no auditório;

30/06 e 01/07: apresentação das peças das turmas A, B, C, D, E e F no auditório.

IMPORTANTE:
ü  As peças serão assistidas pelas turmas que, no horário da apresentação, estiverem com os professores envolvidos no trabalho;
ü  A avaliação do trabalho seguirá os critérios já apresentados aqui e outros que serão explicitados pelos professores em sala de aula;
ü  O cenário de fundo ( painel ) será produzido por  turma com a orientação da professora de Artes;
ü  Pontuação do trabalho: Português (3,0), PD ( 3,0 ), Inglês (  1,0  ) , Arte (  2,0 ) , Sociologia (3,0   ) e Filosofia (2,0)
ü  Lembrem-se de que para produzir um trabalho de qualidade é necessário que vocês se organizem com antecedência, dediquem-se , sejam criativos e acreditem na capacidade que vocês têm.